sexta-feira, 20 de maio de 2011

seiva



Surgem palavras avulso incapazes de um todo harmosioso. Os pensamentos atropelam-se, depois de alguns dias de angústia. Misturadas, horas de esperança obrigaram a relativizar tudo, a acreditar, a rasgar sorrisos por dentro. Num simples desejo que tudo corra bem.

...

A vila inteira estava a dormir. Nada perturbava a noite. Pensou em chamar a mãe. A voz saiu-lhe desconsolada, infantil, e teve de chorar outra vez. Pensou em muitas coisas e, com o tempo, sentiu-se diminuir até ser menos do que uma pedra, um grão de pó. O medo gelava-lhe as orelhas, a ponta do nariz, as mãos, os joelhos e os pés. Não conseguia sair de dentro do tempo. Fechava os olhos, mas sentia um choque de medo e voltava a abri-los muito de repente.

(JLP, Livro)

(sempre intenso)