domingo, 8 de julho de 2007

Morte

"A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência. [...] Cruzo o rio, é já quase noite. Vejo esse poente como o desbotar do último sol. [...] A cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência de quem morreu. [...] morto amado nunca mais pára de morrer. [...]
A vontade é de chorar. Mas não tenho idade nem ombro onde escoar tristezas. Entro-me na cabina do barco e sozinho-me num canto. [...] Minha alma balouça... (Mia Couto, Um Rio chamado Tempo, uma Casa chamada Terra)

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