sábado, 27 de setembro de 2008

missing you



“Cativar” quer dizer o quê?
É uma coisa que toda a gente se esqueceu. Quer dizer criar laços.
Por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Mas, se tu me cativares , passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
Sabes, há uma certa flor… tenho a impressão que ela me cativou…
É bem possível.
Vê-se cada coisa cá na Terra…
Só conhecemos o que cativamos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
Que é preciso fazer?
É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
(...)
Teria sido melhor voltares à mesma hora. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
Que é um rito?
É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas.
(…)
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos…
Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa importante.
Ficas responsável para todo sempre por aquilo que cativaste.

(adaptação do texto de Antoine de Saint-Exupéry, "O Principezinho")

Hoje pensei em vocês. Aliás, penso em vocês praticamente todos os dias. O vosso rosto aparece-me com frequência. Sentados à minha frente ou diante de um computador, numa sala minúscula onde os laços foram crescendo até alcançarem o coração. O Exupéry tinha razão...
Fazem-me falta. As perguntas. O riso. A vossa autenticidade. As cadeiras a arrastarem-se. (Um barulho que eu insistia em combater). A vossa criatividade a crescer e a enriquecer-me por dentro. As reclamações. A curiosidade a bombardear-me. A certeza que temos quando sabemos que já nos conhecem.
Pergunto-me vezes sem conta como estarão . E nesta ausência de respostas, quero acreditar que tudo ficará bem.

The Story


All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you

I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby I broke them all for you
Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
Yeah you do and I was made for you

You see the smile that's on my mouth
Is hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what I've been through like you do
And I was made for you...

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you

Brandi Carlile

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Transparências IV




Tem-me doído a alma. Acontece-me isto sempre que a angústia se instala. Por vezes, ela parece aquietar-se, mas depois, quando dou comigo a pensar, - este vício... -, acordo o bicho e ela invade-me por completo. À minha frente, a estrada. Ao lado, o lugar onde trabalhaste e para onde as mudanças dos últimos dias me trouxeram. Involuntariamente não posso deixar de questionar esta ironia da vida, que me permite ter agora condições para almoçar contigo e já não haver hipótese. Esta eterna espiral dos ses arrasta-me novamente. Não bastassem as incógnitas do futuro e ainda carrego estes ses que já só pertencem ao passado. Momentos presentes que chegaram tarde demais. E desabo. Outra vez.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Transparências III

Passaram-se apenas 6 dias desde a última vez que consegui escrever. Cada um desses dias foram preenchidos com anos de emoções, acontecimentos, angústias e um sem número de pensamentos que se atropelavam cá dentro (e me atropelavam, também). A força de uma notícia despoletou novas dúvidas... medos... A engrenagem, que há muito não parava, foi colocada ao nível acima. E assim vou passando os dias e as noites, num contínuo dispêndio de energias. O cérebro a pedir pausas e o "coração aos pingos". A estrada sempre presente. E as permanentes partidas e chegadas. Acordam lembranças: a emoção de partir do berço-lar para me lançar à vida, atrás do que gosto e do que quero: a História. Crescer por dentro. Conquistar um espaço. Aprender. Mais mudanças e eis que chega um desafio: criar! O tempo passa, vou fazendo as peças desse puzzle, vendo-o ganhar forma. Etapa após etapa saboreio cada conquista, sem parar a obra. Orgulhosa, não deixo de proceder às correcções necessárias, espontâneas ou solicitadas. Invisto em mim. Conquisto um novo espaço... desta vez mesmo meu!... (e da CGD!). Construo relações. Experimento novas partilhas... Depois, as ervas daninhas começam a crescer à minha volta. De dia para dia, espalham as suas raízes e minam o caminho. Impõe-se uma nova partida. Deixar tudo. Agora? Para sempre? Quais as alternativas? E lá me aparece o teu rosto! [Ai a falta que me faz a tua voz...]. E lá fui eu fazer o que tinha de fazer... Recomeçar assusta sempre, pelo menos a mim, mas se tiver de ser, sabes que eu vou. Queria mesmo era ter a certeza que vale a pena acreditar na justiça. Que esta luta será coroada com o sucesso merecido e a miséria humana, pelo menos desta vez, vai perder. Que não são só nos contos de fadas das pequeninas que encontramos finais felizes. Queria conseguir ouvir e acreditar nestas palavras tão tuas: "Vai correr tudo bem! Faz a tua parte e confia." Gostaria de conseguir parar de pensar for a few moments e dar à fragilizada equipa de neurónios uma pausa merecida. Queria ser capaz de estar inteira no aqui e agora. Apetecia-me poder pousar tranquilamente a cabeça no teu colo e dormir um bocadinho.