sexta-feira, 19 de março de 2010

alunos e mestres

Eu tenho um aluno crescido. Muito crescido. Um aluno que, em Setembro, se sentou nas cadeiras dos mais novos para me ouvir. Disse-me que queria aprender mais. Observei-lhe as rugas do rosto, os poucos cabelos brancos e enchi-me de ternura, ainda que tivesse a certeza que deveríamos inverter os papéis. Percebi-lhe, nas aulas, uma atenção invulgar, enquanto me ouvia. Bebia cada palavra com a avidez de uma criança de seis anos. Quando falava (poucas vezes) deixava a descoberto a humildade daquelas pessoas grandes, enormes. O meu aluno já acabou de aprender aquilo que as normas definiram. Levantou-se e abandonou a cadeira da sala onde nos encontrámos nos últimos meses. Mas, antes de partir, disse-me que é um rafeiro alentejano (palavras suas), que a vida moldou, magoou, agraciou e fez crescer. Disse que nasceu duas vezes. Disse que sabia o caminho que tinha de percorrer, mas que tinha ainda de melhorar muito. Disse que aprendeu muito ao longo dos seus 62 anos. Disse que aprende com os netos como aprendeu com o seu avô. O meu aluno já não é meu aluno. Creio que nunca o foi.
(O meu aluno crescido diz que aprender é uma luz que lhe ilumina o caminho e lhe permite olhar as cores bonitas da vida.)

terça-feira, 16 de março de 2010

tão bom ouvir isto... a qualquer hora

ti vollo bene anche io grande amica mia.

segunda-feira, 8 de março de 2010

reencontro

na previsibilidade das horas que escorrem, do desencontro das chamadas, oiço-te finalmente. e, porque connosco as coisas construiram-se sempre com impulsos e vontades, sentámo-nos à mesa para jantar e preencher com palavras os anos de ausência. risos, palavras evocadas e repetidas como se assim pudéssemos recuperar os momentos, construir os cenários... emoções à flor da pele. lágrimas, porque a vida transforma-se mas o coração continua a sentir e isso sabe tão bem. às vezes é só necessário que, do balão, se liberte um bocadinho do ar em excesso, mesmo que o mote seja uma manobra virtual.