sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

a insustentável leveza do ser


Os dias passaram sem sabor a férias. Não que costume gozar o Carnaval, nada disso. Para mim não representa mais do que uns diazitos misericordiosos em que posso respirar e sentir, especialmente este ano, que há um outro mundo para além da IM... Por mais que quisesse e precisasse, a conjuntura não permitiu que me afastasse da capital e rumasse em direcção ao Sul. E o bem que me faz ir ao Sul... Assim, fiquei por casa, a tentar trabalhar, limpar e distrair-me. No fundo, no fundo, só me enganei, pois a distracção não foi mais do que experimentar uma esplanada, junto ao rio, de que me tinham falado (umas 200.000 vezes...muito boa, é verdade!). Por isso, depois de encarar algo que há muito andava a adiar, achei que era chegado o dia de usufruir de um presente precioso, guardado para situações de emergência e oferecido por pessoas que trago dentro. E lá fui eu, com o coração aos pingos - porque há dias em que sentimos o mundo em cima das costas -, experimentar a flutuação. O acolhimento foi excelente e a sessão melhor ainda. O que eu precisava disto! Bom. Muito bom, mesmo. A música, a água e as cores aperfeiçoaram cada minuto. Os aromas fecharam tudo com chave de ouro! Por que será que me adapto tão bem a estes mimos? Depois senti-me assim...


Obrigada!



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Já está... eu sabia...




Mude...mas comece devagar,
porque a direcção é mais importante
do que a velocidade.

Sente-se noutra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.

Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
passa.


Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.

Dê os sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.

Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.

Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.

Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor,
a nova vida.

Tente.
Procure novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce noutros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão noutra padaria.

Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.

Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.

Deite fora os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.

Abra conta noutro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.

E pense seriamente em arranjar outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa,
se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.

Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.

Só o que está morto não muda !


(Edson Marques - adaptado)

Eu quero



Evadir-me, esquecer-me, regressar

À frescura das coisas vegetais

Ao verde flutuante dos pinhais

percorridos de seivas virginais

E ao grande verde límpido do mar.

Sophia M. Breyner in Dia do Mar IV

Eu quero ver o mar, sentir o sol, voar, escutar, observar. Eu quero viver os dias e não vê-los passar.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

festas no coração

Um fim-de-semana cheio de gente que é minha, gente que me conhece até do avesso e gente que sabe de onde vim, gente a quem quero muito bem e outros a quem amo mais ainda. Rir. Conversar. Olhar em volta. Recordar as brincadeiras partilhadas e as asneiras guardadas em segredos que ainda duram. Desmancharmo-nos a rir quando a música da adolescência, vivida intensamente, se fez ouvir e nos surpreendemos a trautear. Gente que nos dá identidade. Socorrer o miúdo que caiu e desesperar com o resto que não pára quieto um segundo, enquanto os outros continuam a olhar-nos como se ainda fôssemos os moços pequenos. Descobrir água nesses olhos e ficar com eles também brilhantes, quando alguém que não via há anos me veio dizer que sabe quem sou, porque sou a Tua cara. Sentir o chão fugir-me dos pés quando eles os dois se lembraram de correr para a foto dos oito, que já são bem mais, e evocaram os Avós que começaram tudo isto... E eu a ver-te no meio deles. E depois o dia seguinte, com a festa grande da mais pequenina. E outra vez as pessoas e o riso, as lamentações dos pés doridos e dos músculos de quem dançou para lá do que o corpo permitia, e a mesa posta, e beijinhos, e mais pratos e mais doces e mais, e mais e mais. Tudo a quebrar-me generosamente a rotina e a renovar os dias. Claro que o estômago não resiste a tantos excessos, mas mesmo assim, e apesar do dia de molho, da sombra que sinto cá dentro quando vos vejo ansiosas a querer esticar os minutos, da vossa autoridade em escolher o meu lugar à mesa, entre as duas, do trabalho que ficou por fazer, soube-me ao céu o fim-de-semana.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pronto!


Já estou assim... em contagem decrescente. Pronto! Não há muito a fazer, quando os sorrisos doces se aproximam! Fico sempre assim, ansiosa por me perder no mundo delas.
(Já agora... quando o fim-de-semana chegar, faz que ele dure muito tempo!)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

quero, quero, quero

Quero percorrer caminhos com consciência e atenção.
Quero seguir a Vida sem pensar no Ontem.
Quero continuar a acreditar e a ter Esperança.
Quero viver cada dia, com o sorriso que trago dentro.
Quero impedir que me tirem o sorriso.
Quero ser fiel à verdade e à justiça.
Quero saber reconhecer as horas em que é altura de parar.
Quero reconhecer o momento em que só me resta entregar à Vida o rumo dos acontecimentos.
Quero largar o que me atravanca a alma e coloca o coração aos saltos.
Quero entregar-me às pessoas que encontro e que trazem luz.
Quero lembrar-me sempre que em cada um de nós mora um pouco de sombra também.
Quero viver cada dia sem medo do amanhã.
Quero ter sabedoria para tomar opções acertadas.
Quero ter coragem para escolher.

Preciso mesmo

Dá-me, Senhor, a Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar.
Dá-me Coragem para transformar o que está ao meu alcance.
E, por fim, dá-me Sabedoria e Discernimento para distinguir uma coisa da outra.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hoje


Hoje estou mole. Ensonada. A semana foi exigente... nem sei porque estranho. Estou assim. Com vontade de me enroscar e ouvir a chuva cair, lá fora. Foi no dia de hoje.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Palavras para Ti

Já passaram mais de dez anos, mas sempre, por esta altura, encho-me mais de Ti. Os foguetes bem podiam estoirar no céu a minha raiva, já que a música, que ecoa nas ruas, continua a esvaziar-me. Experimentei não estar aqui nestas alturas, mas logo descobri que não importa o lugar onde estou. Tu estás, esteja eu onde estiver. O frio daquele domingo, que era para ser de festa, deu lugar a uma saudade, com a qual procurei viver para não cair num abismo, tal o vazio que senti. Lembro-me perfeitamente da roupa que vestia. Lembro-me de sentir que não devia sair, e, por isso, ao fazê-lo, não estava fora, mas dentro. De tal forma, que te ouvi chamar. E voltei. Não consigo lembrar-me desses dias, sem que o nó se forme de novo na garganta. Sabes que sempre lutei por Ti, mas nos últimos tempos, percebias o meu cansaço e isso irritava-me, porque não queria baixar os braços. Mas a esperança traía-me. A raiva de não conseguir vencer aquilo que te arrancava de nós. Um desespero de não poder tomar o teu lugar. A incapacidade de pensar uma vida sem Ti. A sensação de já não ser inteira. De ter perdido uma parte. A dor a corroer, a corroer. A vontade de desatar a correr e a gritar que não, que não! A avisar o Deus Todo Poderoso ou a Vida que ainda precisava de Ti, da tua mão, das tuas palavras sábias. A sensação de estar a correr contra a maré, desesperada, exausta, a implorar que o Mundo fizesse o mesmo, porque haveríamos de conseguir. E, ao fim do dia, exausta, adormecia com o desejo secreto de despertar do pesadelo. O desespero a tomar conta de mim na última noite em que conversámos. A implorar-te o que não estava nas tuas mãos, mas que eu queria que estivesse, já que não estava nas minhas. Afinal, tiveste sempre a capacidade de nos proteger do que era mau. Não queria ver-te frágil. E o pior de tudo era confrontar-me com a minha finitude perante a tua fragilidade. Que sim, que te salvo, que não te deixo só. A força que me enchia por dentro não conseguiu desviar o rumo dos acontecimentos. E depois os dias que se seguiram e, com eles, a necessidade de aceitar os meus limites, de compreender que o nosso Amor é infinito mesmo que a Vida tenha seguido o seu rumo. Os gestos diários a serem corrigidos. Um prato a voltar para o armário. O cheiro a ir embora e nós sem sabermos o que fazer com os destroços. Foi com isto que vivi durante muito tempo. Hoje, na companhia Dele, cheguem-se aqui. Deixa-me fechar os olhos e ver o vosso rosto. Agradecer-vos o Amor em que cresci, a delícia de ser tão amada, a maravilha de poder compartilhar a Vida e a paz com que agora me dirijo a Ti, mesmo que os foguetes me incomodem.