sábado, 31 de julho de 2010

1954-2010



partiu. e eu lamento esta partida. pelo riso que provocou ao longo da sua vida, mas sobretudo pela nudez da sua luta contra esta doença e a coragem com que a enfrentou.




segunda-feira, 26 de julho de 2010

combater a neura

Algumas horas depois, duas idas ao hospital, algumas trocas de email e uma considerável camada de nervos e e o resultado foi este:

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Excelente

A notícia surgiu por email, por volta das nove da manhã, embora só a tenha lido perto das dez. Com ela, um anexo trazia um resultado há muito esperado. Abro o ficheiro e, face à leitura, a primeira impressão é de fracasso. Persegue-me esta sensação que, agora, sei absurda. Continuo a ler, num contínuo atropelo às palavras, e eis que os olhos param diante do esperado. Valeu a pena o esforço, valeu a pena a entrega e é altura de deitar para trás tudo o que contribuiu para as dúvidas que me impedem de acreditar(-me). Espero lembrar-me sempre destas avaliações, mais genuínas que outras que por aí andam, inspiradas em modelos criados em qualquer wc ministerial. Espero lembrar-me dos comentários que me voltaram a repetir o que um ilustre já o dissera lá atrás. Sempre.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

I.

fizeram-me tão bem as tuas palavras. não deves fazer ideia, eu sei, pois não tive tempo de o dizer. ainda assim, devolveste-me uma confiança perdida algures. sopraste-me a sensação dos tempos de escola com ditados sem erros e trabalhos com parabéns, assinalados no canto superior direito. bem sei que não foram apenas as palavras que serenamente me dirigiste. reconheço que terem saído da tua boca pesou bastante, e era isso que te queria ter dito quando nos interromperam.

sem som

Podia escrever inúmeras coisas. palavras em espiral permanente, umas soltas, outras acompanhadas. nem sempre com sentido. sílabas avulso, simples registos. de cheiros. de músicas. de vozes presentes, umas novas, outras de dias escritos há muito. de vozes quase ausentes, porque o coração continua a escutar-vos. podia escrever sobre os dias construídos numa casa com imensa luz, com um quarto pensado para ti e que nunca o chegou a ser. podia escrever sobre a tua ausência e sobre a tua também e ainda sobre o tamanho que isso continua a ocupar. podia teclar nos caracteres que definem a tua não-presença, que não chega a ser ausência pois que nunca aqui chegaste. ainda assim, fazes-me falta, como se tivesses chegado e depois partido. mas isso é por causa dos rostos que se disfarçaram de ti, me baralharam e me fizeram acreditar, para depois desacreditar e voltar a acreditar mais tarde. podia ainda tecer uma página qualquer sobre a amizade e repetir tudo o que já disse. pequenos tratados impressos pelo coração. peças de um puzzle que nos constrói. podia escrever sobre os momentos saboreados ao sol. sobre o riso e a gargalhada. sobre a mesa. sobre a pele. sobre o teu cheiro. mas não consigo. não me apetece. enrolam-se as palavras no estômago em conflito sem dor com vírgulas e pontos. e fico quieta até que parem e voltem a sair de forma ordenada.