quarta-feira, 8 de julho de 2009

banalidades ou não

deixa-te estar aí. não te mexas. vieste num fim de tarde quente. vinhas de calças de ganga e t-shirt de algodão. a brisa que escorria do rio desalinhava-te ligeiramente o cabelo. primeiro, não passavas de um vulto. esticaste o pescoço como quem quer ser visto. assim que percebeste que te avistava, largaste o primeiro sorriso. vinhas com o teu passo ligeiro. desviavas-te dos outros. atravessaste a rua e pisaste a calçada. o sorriso ocupava-te o rosto. observava-te. reconhecia-te o olhar e sabia exactamente qual a primeira palavra que me dirias, assim que me alcançasses. vá lá, não me distraias. Caminhavas sem grandes pressas, como quem perpetua o momento do encontro. Essa hora em que o coração dispara e um arrepio invade cada célula, soprando-nos um frio que faz estremecer o coração, o estômago, os pulmões... tudo. A distância encurtada a cada passo teu. Eu, estática, junto ao muro, como quem observa uma qualquer fita cinematográfica do mais banal que há, e da qual, a grande diferença é ser também personagem. Tenho tempo para observar-te. A câmera assim o permite. O contorno dos ombros, definido a contra luz. Os braços a acompanharem o ritmo do teu andar. Tu a aproximares-te. A distância cada vez mais curta.
"Corta! Take II!"

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