
As ruas. A calçada. As paredes caiadas e, ali adiante, virada para o Tejo, as buganvílias a explodir de cor. O Poeta da epopeia, serenamente. E depois um castelo, plácido, a manter a História acordada. Almorolan. E comigo, as vozes. Alguns sorrisos. A beleza de quem pisa este chão pela primeira vez. O encanto de quem regressa. O barco na água. O castelo a ficar para trás. As vozes. Explico. Chamo-os, sabendo que a voz me vai doer. Adiante. Um piquenique. Grupos que se formam, naturalmente, como a amizade. A partilha. (que belos croquetes!!!) Seguimos. Entramos. Os olhos a percorrer cada pormenor. A curiosidade a levar-nos para a frente. Perguntas. Risos. A descoberta. Esclareço e também pergunto. Sempre fui curiosa. Felizmente. E depois, o pé ao caminho. As pedras. A água. E uma voz que nos guia e orienta. Mais passos e o sol sobre a cabeça. Reclamações. Claro! Calor e já algum cansaço. Comigo não se safam. Toca a andar! "Sai daí!" "Não vás para aí!" "Desviem-se!" "Oiçam!" Se calhar sou mesmo chata... Continuamos. Assalta-me a dúvida: será que eles estão a aproveitar cada palavra nova? Cada descoberta? Depois de fingir que atravessámos milhares de anos em direcção ao passado, depois de voarmos para o espaço, mergulharmos nas águas e nos pendurarmos em grutas, - a partir de hoje vou respeitar bem mais os morcegos -, vamos então, desta vez de verdade, mergulhar na História. Não a dos homens, mas a da Terra, quando o homem ainda não a tinha pisado. Olho os vestígios que a pedra insistiu em deixar-me. O vento que sopra leva-me nas asas da imaginação e, - juro!-, vejo aqueles seres, de pescoço longo e respeitosa altura, a pisar a rocha num tempo em que a paisagem era certamente um nadinha diferente! Falo dos Saurópodes. O tempo escasseia. Volto à realidade. É hora de regressar. Reclamações... No comments. Explico, mais uma vez, agora sem tanta paciência... embora com o mesmo empenho. Afinal, tenho-os comigo. São eles, por mais que me doa a voz e me fuja a paciência, que me fazem sentir bem naquilo que faço.