domingo, 21 de junho de 2009

da saudade

Porque a saudade não se explica, mas, ainda que alguém fosse capaz de o fazer, temo que tal proeza não a pudesse diluir. Porque a saudade, como dizes, pesa, ainda que a guardemos delicadamente embrulhada em papel pardo ou prata. Porque o seu peso é proporcional à sua idade. Porque o calor tem o dom de a dilatar e evocar os dias de verão, tempo em que o mar e o sul se fundem. Porque o calor não a derrete, mas multiplica-a em milhares de grãos de areia a escaldar ao sol. E é por isso que queima. Porque o fado apenas a evoca, e, nele, o grito mudo ganha expressão, mas não o silencia para sempre.

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