sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Uma tarde com o Sr. Zé


OK. Não há volta a dar. Os eclipses devem mexer mesmo connosco e, no meu caso, como padeço do fenómeno da antecipação, toca-me mais cedo. Depois de uma noite mal dormida [que esse mal toca a todos, my friend, e também acordei com olheiras!], arrasto-me para fora da cama e ultimo os preparativos de mais uma viagem ao Sul. [Esse Sul que um dia merecerá um post, virtualmente falando.] Muito senhora da minha vidinha, começo a levar os bagulhos [traço muito vincado e a necessitar de reforma urgente!], e eis que, quando, ingenuamente, pretendia levar o carro até à porta, dou à chave e oiço um gemido. [Não. Não foi de prazer!] Como é meu apanágio, a primeira reacção foi negar o cenário que se impunha. Nova tentativa e mais um gemido. [ehehehe. isto dava outro post!] A realidade abateu-se, implacável. Nada de bateria. Sumira-se, durante a noite, sabe-se lá para onde e por que motivo. Respiro fundo. [Agora ando numa de respirar assim, antes de partir para a violência.] Regresso a casa, volto a subir com o dito bagulho, que era só o trolley e ligo ao mecânico, - que, por acaso, tinha andado a meter óleo na véspera e, se calhar, também meteu água -, a fim de confirmar o meu diagnóstico. Bingo! Do outro lado da linha: Então é mesmo a bateria. E mais nada. Nem um simples: precisa de ajuda?. Nadinha. Respirei duas vezes bem fundo. Desci. Nova tentativa. [sou um pedacito teimosa, coisa pouca.]. Olhei em volta e pensei que, talvez, precisasse de ajuda para carregar a dita com os cabos que eu tinha na bagageira. [tão prevenida...] Presenças na rua só uns trolhas. Algumas dúvidas. Um telefonema e digo que já não vou ter com eles, porque blábláblá e se podiam vir e ajudar-me, blábláblá. Subo. De repente, apeteceu-me partilhar esta agrura da vida. Mais uma chamada. [abençoados telemóveis]. E derramo-lhe em cima as minhas odisseias. Aquela alma presenteia-me com um Vou chamar o meu pai!. Nem resisti! Algum tempo depois oiço as buzinas de um casamento na rua. Não, afinal era só o Sr. Zé! Desci a correr, enquanto a cerimónia parecia continuar. Fomos até ao carro que ali permanecia como que sem alma. Quer dizer, Eu fui até ao carro, porque o Sr. Zé continuou no dele a descer a rua. E lá vou eu de cabos na mão atrás do seu carro!!! É aqui! É aqui! Ufa. Já diante do bichinho, e depois de alguns esforços a posicionarmos os carros, iniciam-se os episódios para colocar os cabos. Estes são pequenos. Vou buscar os meus. Afinal, não, pomos os teus! STOP! Vou colocar umas luvas, diz-me com ar solene. Desaparece-me e oiço-o a falar com alguém junto à bagageira. estico o pescoço e vislumbro uma mulher. Juro que pensei: Estou lixada! Agora apareceu-lhe uma conhecida, metem-se à conversa e nada da bateria! Resolvi marcar posição e aproximei-me numa de pressão psicológica. E eis quando o oiço: Chama-se S? Não se chama, pois não? Eu perguntei à S se queria luvas!. A boa da mulher lá se desculpou e afastou-se. O Sr. Zé olha-me com a expressão: Estes romanos são loucos! (sendo que nós somos os gauleses! Ele o Astérix, claro.) Cabo ali, cabo aqui. Não te esqueças: o vermelho é positivo, o preto negativo. Se fizeres ao contrário dás cabo disto tudo, ouviste? Ouvi, Sr. Zé! Mas nunca consigo decorar! [não insista. Sou mesmo uma caso perdido em muitas coisas...] Deixa lá, aprendes outras coisas, rematou generosamente. Dou à chave e o carro animou-se, tal como a minha alma! Estava eu numa de acelerar, quando surge mais uma personagem. Um mirone aproxima-se e deixa uma postinha de pescada: Está difícil, não é?, disse com aquele ar clínico dos cromos que não têm nada para fazer e surgem em cada canto, de mãos atrás das costas. O Sr. Zé lá respondeu qualquer coisa, só para não ser indelicado. Mas a criatura não estava ali em vão. Tinha uma missão. Isso não pega assim. Muita gente acha que pega, mas eu sei que não pega. Olhei para o Sr. Zé e presenteámo-lo com o silêncio, apesar de ter vontade de lhe gritar: Xôôôô! Toca a circular! Desempata-nos a loja!!! Pareceu-me ouvir uma rosnadela por parte do pai da minha amiga, mas não percebi. O que quer que tenha sido funcionou, pois o cromo deu à sola mais o seu ar clínico. Lá fomos dar uma volta para ver se a bateria recuperava. Acho que foi a 1ª vez que o levei a passear... não que estivesse sereno, pois não largava a porta... Já de volta disse-me: Encosta e desliga. Não é melhor ser mais perto do seu? Não. Encosta. Obedeci, claro. Estava diante de uma autoridade na matéria. Agora liga. Era o ligas! Nada desta vez. É que nem o gemido! Lá fomos com o carro a obedecer ao declive e ... clic, dou à chave e ,desta vez, ainda deu. Impôs-se a decisão: preciso de bateria nova! Depois de um leque de ofertas que o Sr. Zé sacou do bolso, cuidadosamente escritas num bloquinho de contactos, a opção foi tomada e lá o segui até ao mecânico-vendedor-de-baterias-electricista. Felizmente tinha o modelo, mas ainda tive de optar por um conjunto. Como sou abastada,trouxe a de marca e voltei feliz, não sei antes largar umas dezenas de euros e trazer o meu brinde. Regressámos ao ponto de partida e despedimo-nos. "Muito, muito obrigada, Sr. Zé!" "Nada filhinha. Estive ocupado, não vês?! Faz boa viagem e tem umas boas férias!""Obrigada!" [Coitado do Sr. Zé, de mim não se livra mais. Gravei o seu n.º no meu telemóvel!]

[Por razões óbvias foram omitidos alguns termos vulgarmente utilizados em situações desta natureza. É de todo o interesse proteger os nossos colaboradores.]

2 comentários:

Anónimo disse...

como é bom partilhar o paizão contigo..............
bjs

fr disse...

é pá que isso assim até parece deicioso! o que ele ficou contente também :)
bjs minha desbaterizada.